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Foto do escritorIgor Medeiros

Historybuilding RPG: Nações, Reinos e Impérios

Lembro-me da primeira vez que me deparei com o desafio de worldbuilding para meu universo de RPG, a criação das civilizações que ali habitavam foi algo deveras desafiador. Nomes, categoria de governo, estado, cultura e afins. Certamente estava criando sem um pingo de conhecimento, por mais que eu pesquisasse e me aprofundasse ainda se tornava superficial o meu mundo, foi então que entendi um dos maiores impactos, muitas vezes eu acabava criando coisas apenas baseado no senso comum da sociedade, em filmes, séries, livros, mas ao certo não entendia o que estabilizava aquilo, por isso, hoje minha tarefa é tentar passar um pouco dos conhecimentos adquiridos para mestres que estejam querendo aprofundar historicamente seu universo, de modo a torná-lo mais crível. Meu nome é Igor Medeiros, estudante de história e esse é o Historybuilding RPG: Nações, Reinos e Impérios.

Afinal de contas o que são nações?

O conceito de nação como um estado, um país, é algo dos tempos modernos com os avanços das ciências políticas e os ideais de uma democracia. Esta ideia surgiu com o pensamento da valorização de uma cultura, de unificação de um mesmo povo, com as revoluções que surgiram ao fim das eras dos reinos monárquicos e o surgimento de uma nova identidade para comandar aqueles povos que acabavam sempre por se diferenciar por cultura, ideologia, costumes e afins. Por mais próximo que fossem estas sociedades uma das outras, sempre há algo de diferente para separá-los. Pensando neste fato, os pensadores do século das luzes da era moderna, começaram a elaborar formas de unificar um único povo em uma única identidade, algo que estaria perpetuando pela mentalidade de todos os indivíduos daquela sociedade.


O surgimento da identidade nacional foi um avanço para conseguir realizar tal fato, ao criarem propagandas, contarem histórias e gerarem um sentimento de orgulho e paixão em cada ser nas fronteiras de sua nação para sentirem fazer parte de algo maior. Podemos pensar que o sentimento que imerge no coração dos civis que unifica cada um independente de raça, gênero ou classe social, se chama identidade nacional, onde todos compreendem fazer parte de um todo. Certo, mas onde utilizar-se disso, no RPG? Bem, onde não usar seria o certo, afinal, o sentimento que faz com que os aldeões levantem para trabalhar, ou um mago que busca compreender mais sobre os monstros que assolam o arredor da cidade pode estar totalmente interligado com um pensamento de nacionalidade. Um bom estado poderia gerar um despertar deste sentimento em cada um dos seus cidadãos para que assim todos promovessem uma melhora para a própria nação, pois seu pensamento seria algo como “Estes monstros devem ser parados, pelo bem da minha família, pelo bem da nação”.



Nascem os reinos... ou impérios?

Afinal de contas qual a diferença entre reinos e impérios? Bem, isso é simples, um reino é um estado monárquico, aonde a ideologia e o foco do poder estão nas mãos de um único indivíduo e este é o Rei. Todos os cidadãos daquele reino terão uma mentalidade focada sobre a proteção, dignidade e força daquele rei, não há um reino forte sem um rei forte, seja ele estratégico intelectual ou uma máquina de guerra nos campos de batalha. O rei define o rumo de seu reino. Estes muitas vezes estão atrelados a um papel quase que divino e inspirador para seus súditos, o sentimento nacional cujo mencionei, neste caso, está mais vinculado a ele, onde todos compreendem que devem suas vidas e satisfações a este indivíduo. Porém, existem situações em que o rei é inabalável, e este conquista muitas terras, que porventura, acabam tendo culturas totalmente diferentes das de seu povo e neste momento são formados os impérios.


Um império se define por extensão territorial, um bom imperador é aquele que consegue manter povos de civilizações e culturas diferentes umas das outras, mas todos entendem fazer parte de um único poderio, algo que podemos chamar de sentimento nacional, podemos dizer que os Romanos foram os primeiros a conseguir despertar esse controle de sua sociedade através desta ideologia. Guerreiros de todo o império sabia serem romanos e tinham orgulho por lutarem em prol de Roma, o sentimento de ser um centurião e almejar grandes vitórias militares para subir seu local da sociedade era um dos mais fortes naquele período. Por outro lado, mesmo unificados por Roma em seus corações, ainda divergiam em cultura e, muitas vezes, até em seu idioma. Roma cresceu tanto que uma parte falava latim e a outra grega. Então lembre-se, se for criar um império, você vai querer que ele seja grande e que muitas culturas quo-existam dentro dele.


Mas assim como tudo na vida, um império tende a um possível fim, quanto maior for sua extensão pior será sua administração, as diferenças culturais e linguísticas podem ser um problema, as próprias diferenças e distâncias geográficas dos lugares podem despertar outro sentimento, o da revolução, a identidade própria, aonde o indivíduo começa a compreender sobre sua própria importância e se vê capaz de conseguir parte daquilo que não possui, um sentimento revolucionário que molde toda a realidade ao seu redor. Lembre-se de Roma e nunca há de errar, foi tão grande que teve de se dividir para melhor administrar suas províncias, foi quebrando em partes e assim como um dia foi grande, veio a ruir. Impérios nascem e caem, reinos são formados, nações são fortalecidas, a cultura vai se moldando com o passar das eras, os povos vão se unificando por ideologias aproximadas, por culturas e crenças.



Historybuilding dos conceitos:

Nações — Com o conceito das nações você pode criar campanhas onde bote toda uma sociedade em conflito por estarem desunidos, por não se identificarem como um único povo, os fazendo voltar a se enxergar como clãs ou tribos, muito comum acontecer isso em momentos de crises. Assim como você pode se utilizar da identidade nacional para promover uma motivação nos personagens de seus jogadores ou de seu próprio personagem (caso seja player) que faça querer de forma altruísta beneficiar seu povo para que a nação floresça. Você também pode fazer uma campanha sobre o desejo da formação de uma nação unificada, lembre-se do Japão, durante a era sengoku, aonde os daimyos de cada clã dividiam parte das terras e um homem chamado Oda Nobunaga almejou unificar todos os clãs em uma só para ser o grande líder de todas as terras.


Reinos e Impérios — Suas sessões irão transitar por civilizações de todos os tipos, então elabore bem os locais por onde passarão, como falado neste artigo, a imagem do líder, o rei ou imperador, é o mais forte nestes modelos, crie campanhas aonde as ações e ímpetos destes indivíduos interfiram na vida de cada jogador, se um rei for um tirano, certamente a sociedade será mais amedrontada ou enraivecida com ele, se ele for um monarca carismático e benevolente seus cidadãos podem ser bem afeiçoados a ele ou ardilosos ao quererem se aproveitar da benevolência para conseguir algo para si. Impérios podem estar com problemas pelo seu tamanho, em situações de guerra, pode estar enfrentando 3 reinos em diferentes locais do mapa, coordenar as tropas para proteger suas fronteiras exigirá muito dele e isso pode ser sua fraqueza. Também há o problema das corrupções dentro de suas fronteiras, ou até mesmo mudanças da forma de governo como a queda de um imperador para uma república.


Pensamentos juntos sobre e você constrói suas mesas de RPG, até uma próxima!




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