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Foto do escritorIgor Medeiros

PENSANDO HISTÓRIA: Das abordagens pedagógicas nas aulas de história.

Atualizado: 9 de mar. de 2023

Cá estou tomando um café quente enquanto observo o dia e me recordei das minhas aulas de ensino médio, lembro-me de que muitas matérias acabavam por prender minha atenção por conta da abordagem de um professor e não pelo conteúdo. Até mesmo história, uma matéria que sempre me interessou, quando presenciei uma professora que talvez não estivesse tão interessada na transmissão dos conteúdos para seus alunos, perdia foco. Tendo isto em vista, eu me peguei refletindo sobre a forma com que enxergo a necessidade de estudar-se história nas escolas e o que realmente considero de relevância para a vida de um aluno, afinal de contas, um engenheiro não precisa saber quantas fases o império egípcio passou ou que no século V, aqui no ocidente, é considerado o fim do império romano. Vejamos, o que para mim, é o mais importante no estudo de história nas escolas.





História ou Estória?

Isto é uma pauta já muito discutida no mundo acadêmico, o conceito de História ou Estória. O senso comum está acostumado a direcionar qualquer narrativa ao tema de história, uma literatura ou um livro, no uso do vocabulário popular é claro, quem nunca chegou a falar coisas como “A história de Harry Potter é muito interessante”. Não julgo o fato de pessoas confundirem os termos, a verdade é que História é uma ciência e contos como o de “Harry Potter” são narrativas fictícias, contos escritos para o ramo das letras, da literatura. A ciência história está mais aproximada da investigação do passado, o uso de fontes históricas para comprovar a existência de uma história por trás de alguém que existiu de fato. Textos produzidos por fontes e pesquisas são chamados historiografias e não há a possibilidade de se falar em fazer história sem uma busca por fontes, uma pesquisa ou uma reflexão.


Hoje já está integrado ao conhecimento do historiador que não há como produzir em história sem se mesclar com outras disciplinas, o que chamamos estudo multidisciplinar. Olhar po


r diversos ângulos pelo passado e se aproximar da sua verdade sobre os fatos, afinal, não é possível fazer este trabalho sem acabar transparecendo sua própria visão sobre o contexto. Antigamente acreditava-se que a História poderia ser uma ciência única e perfeita, que buscaria a verdade e imparcialidade sobre os fatos, mas hoje os estudiosos já chegaram a um consenso sobre a parcialidade do historiador. Então entendam, história não é uma verdade, mas sim uma análise do passado vista pelos olhos de quem o estudou.


Para este conceito, acredito que compreender o que é história é uma das abordagens mais importantes no estudo desta disciplina na sala de aula, ainda mais nos dias contemporâneos aonde os jovens se encontram cercados de “Fake News” e Marketings por toda a parte. Não sou contra a forma de viver atual, onde muitos vivem por consumir cada vez mais, é o modelo em que vivemos atualmente e o consumismo faz a moeda girar e fortalecer a economia, mas, lembrem-se que muito do que vocês veem atualmente nas mídias sociais, em televisões, revistas e até mesmo em filmes e séries, são propagandas de um meio de vida superficial e perfeito, para que muitas vezes você sinta o vazio existencial e deseje consumir cada vez mais, afinal, a humanidade não sabe lidar com o pouco, nós sempre queremos mais, por isso criamos guerras, brigamos por ideologia ou reclamamos de um trabalho que muitos gostariam de ter. Por conta de tantas exposições de pontos de vista, criar um olhar crítico para um relato, uma notícia, um artigo fazem parte de um estudo histórico.


Datas e mais datas, só basta decorar...

Quem nunca teve de estudar para a prova de história e se deparou com o pensamento acima? São muitas datas, muitos nomes e lugares complexos para se entender, além disso, tudo ainda ter que lembrar lugares e datas para uma prova sendo que daqui a alguns anos você provavelmente não ir


á lembrar, pois é, eu concordo com este pensamento. História não se limita a data ou a um calendário, afinal, existem culturas que nem se utilizam do calendário que utilizamos no ocidente (aliás este tema sobre ocidente e oriente é papo para outra reflexão), os chineses, os muçulmanos, por exemplo. Os marcos que consideramos como surgimento de cristo, ou a divisão entre a Era Comum, atualmente utilizado pelo ramo acadêmico, para eles não são importantes, os chineses, por exemplo, estão no terceiro milênio deles, enquanto estamos no nosso segundo.


Se as datas não são importantes por que devemos lembrá-las? Bem, o importante, para nós que vivemos no ocidente, seria a compreensão de contexto de espaço e tempo, conseguir ampliar a capacidade de pensar em época e perspectiva diferente. Uma espécie de viagem no tempo ao pen


sar, você entender o quão longe isto está de seu tempo presente e ver como certas mentalidades ou comportamentos ainda ocorrem e se transformaram em nosso dia a dia. Veja que se atentar as datas se torna mais importante quanto mais próximo de seu tempo presente ela está, afinal, você pode se deparar com pessoas que tinham a mentalidade da época. Recentemente estamos tendo casos de surtos de neonazismo pelo mundo, algo comum de ocorrer quando se fala de uma visão histórica. A segunda guerra acabou em 1945, há 77 anos, não parece difícil imaginar um senhor de 80 anos que tenha ensinado ao seu filho ou netos sobre esta ideologia terrível, não é mesmo?


Guerras, conflitos, nomes, porque tanta coisa?

História é algo complexo, parece fácil, mas pensar história pode ser um verdadeiro desafio se você for uma pessoa que consegue perceber as “nuances” pela humanidade. Nosso planeta é complexo, as ciências são várias e os humanos podem ser dez vezes pior que as duas anteriores. Entender as atitudes e as motivações humanas, as possibilidades são várias, por mais que estudiosos especializados em comportamentos tenham nos mostrado atitudes iguais no corpo e mente de cada um, ainda assim, as motivações são muitas. Por mais que quando olhamos


ao passado conseguimos buscar e correlacionar os fatos que levaram a algo acontecer, o futuro é aleatório, óbvio que certos movimentos e acontecimentos irão desencadear em outro, mas poderia tu dizer quando e onde? Ou quem?


Por isso, acredito que no estudo da história, é mais importante entender o contexto do que detalhes minuciosos que muitos cobram em provas. Fazer as novas gerações que estão por pensar e refletir sobre assuntos com o olhar para o passado, além da facilidade com que se tem em utilizar-se de história para quebrar os tabus de uma sociedade. Uma das coisas que a humanidade não sabe lidar é com o próprio passado e é agora que mais se deve trabalhar em cima, aquilo que não conseguimos fazer, é isso que devemos trabalhar cada vez mais. Entender que certos pensamentos que possuímos na mentalidade coletiva não está presente pelo acaso, que certas situações de vivência, certos medos, mitos e estruturas de poder não estão ali por coincidência. Sempre há uma causalidade sobre as verdades em que vivemos. Debater sobre temas como “A Concepção de sexualidade na Grécia Antiga”, “Separação da instituição humana das crenças religiosas”, “Dos movimentos ideológicos e a manipulação de massa”, “Das civilizações e geopolíticas”, entre outros temas que um adolescente de 14 anos já deve começar a compreender sobre, afinal este estará entrando na fase adulta e não há mais espaço para a cegueira da humanidade contemporânea.










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1 comentario


barbarabfaa
10 jun 2022

Interessante a forma de trabalhar a história para o pensamento do jovem atual. Que orgulho!

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