Quando estamos caminhando em nossas vidas temos as vezes a sensação de estarmos perdidos, de não sabermos para onde devemos ir e o que podemos fazer. A verdade é que muito do que estamos fazendo, pensando e agindo está diretamente relacionado a história e a cultura de um povo. Você já se sentiu assim? Sentiu que por mais que faça e se dedique parece que talvez esteja só perdendo tempo ou algo do tipo? Bem, isso não é um texto ideológico, ou os famosos textos de auto ajuda, na verdade, eu quero lhe ajudar a entender que muito do que você faz impacta sim na sociedade em que você vive. Vamos ver um pouco sobre sociedade e o desenvolvimento de uma nação.
Dos costumes e tradições às barreiras da mente
Desde que a humanidade se entende por gente, quando descobrimos o fogo e formamos os primeiros grandes impérios e civilizações, como os gregos, egípcios, romanos, entre outros, nós temos algo que circunda a todos de uma forma simples e que para estes povos era algo poderoso, uma força que moldava uma sociedade inteira, garantindo poder, estabilidade e avanço, esta força mística que nos circunda é o que nos faz escolher nossas roupas, nossos carros, é o que nos faz em si, escolher. Quando acordamos e vamos planejar nossas metas para alcançarmos nossos desejos, essa força já está agindo, quando vemos um filme sobre grandes heróis dos estados unidos, ou quando vemos desenhos do Japão, também estamos sendo atingidos por esta força, mas o que seria ela? Bem isso é fácil responder, cultura.
Quando nascemos e temos contato com o mundo ao nosso redor começamos a perceber e adquirir trejeitos daquilo que nos rodeiam, primeiro nossos pais, depois nossos amigos e professores, para enfim começarmos a conhecer a vida e termos experiências e visões de um mundo. A verdade é que o mundo contemporâneo tem afetado muito as gerações, porém, é nítido perceber a diferença entre as gerações que são formadas em certos países comparado a outros. Se você nascesse na França, provavelmente ia estar menos preocupado com a roupa ou o carro que iria comprar, talvez nem se importasse com o fato de ter um Walt Disney a alguns metros de distância de você, muito dos franceses vem de seu passado, uma nação que outrora dominou o mundo e foi uma das línguas mais importantes e hoje assiste o mundo se rendendo ao “American Way Style”, provavelmente você estaria mais preocupado em ler livros, em desenvolver seu viés teórico para assim poder alimentar um pouco da ganância humana e poder se sentir importante em meio a sua sociedade. Em contra partida temos o Brasil, onde de certa forma o importante virou o consumo, onde temos em mídias o valor do dinheiro, o valor da evolução, do mercado, dos carros, da fome. A população brasileira por muito tempo apenas enxergou aquilo que lhe desse mais dinheiro por mais tempo, por mais estabilidade. Assim chegamos a casos de corrupção no parlamento, onde pela cultura do dinheiro e da estabilidade essas pessoas, contaminadas pela cultura da nação, roubam dos outros sonhos e oportunidades.
As gerações que se formam possuem uma certa responsabilidade, mas por que? Bem, eu arrisco em dizer que elas são de certa forma mais livres do que a geração passada, são livres de alguns costumes, de algumas tradições e, bem, da cultura do passado. É certo que toda geração tem uma guerra com a anterior que almeja ensinar os bons costumes e boas tradições para seus filhos, mas por mais que tentem, ainda há algo maior por trás, os tempos são outros e isso muda muito, a cultura muda, os problemas são outros, afinal, como aprendemos em história, nunca a história será igual, mas irá dançar no mesmo ritmo. Essa contradição caótica que ocorre entre as gerações devida aos choques de novas culturas é que gera tantos atritos e conflitos, mas essa força não deve ser impedida, tudo há um ciclo, e quando um se acaba, um outro começa para gerar um novo mundo. Na natureza é assim, na vida é assim. Os pais trabalham por muito tempo para manter sua família e como consequência, em um futuro os filhos cuidam de seus país (Não falaremos sobre questões de caráter aqui). Quando conseguimos quebrar as barreiras de nossa mente e entendemos que nossa realidade é apenas aquilo em que conseguimos enxergar no momento, ganhamos um grande poder, o poder de escolha e isto é o que irá determinar o futuro de nossa sociedade, pois com o poder desta escolha você, eu e todos que possam ler este texto, podemos realmente mudar nem que seja um pouco daquilo que nos cerca.
Um monstro chamado Negligência
Caminhar em nosso mundo contemporâneo pode ser um grande desafio, vivemos a era da informação onde tudo é acessível, a menos que você viva em um país onde nem mesmo a internet é livre, em casos como acontecem na Coreia do Norte e China, nestes países a mídia é filtrada para que o estado possa controlar sua sociedade, impedindo que certas culturas adentrem em suas fronteiras, mas a forma como o estado destas nações atuam é uma demonstração nítida do poder que a cultura tem. Ter acesso a tanta informação é de certa forma benéfica, mas eu sinto pelas novas gerações e até mesmo as antigas que, por em busca de um mundo mais simples, tentam encontrar a forma mais fácil de viver, é muito mais simples você escutar alguém lhe contando sobre algo do que você mesmo ir atrás destas fontes e tirar suas próprias conclusões de acordo com suas ideologias e pensamentos, bem, fazendo um certo apelo pela minha disciplina, todos aprenderiam o poder das fontes se levassem mais a sério o papel da História no meio disso. Muitos podem achar só uma baboseira, apenas como curiosidades de um mundo, mas não, História é algo sério. Quantas pessoas vemos no mundo acusadas por coisas que não fizeram? O uso e a manipulação da mídia faz com que todos nós sejamos alvos da manipulação da informação, no final, virou apenas uma guerra de versões de uma história, transformando a fofoca em algo extremamente sério.
O ato de negligenciar a busca pelas fontes e a verdade levam a todos a perderem muito da essência por trás de uma história, assim se tornando vítimas de uma cultura, a cultura da mentira, das desculpas, da negligência. Nosso país, Brasil, é tão contaminado pela negligência que nos tornamos blindados e cegos pelo nosso arredor, falamos que racismo não existe, que preconceito não existe, que todas as religiões podem ser livres, mas o que eu me pergunto é, em que mundo essas pessoas vivem? Se racismo não existisse, um guarda não teria pressuposto um assalto em seu carro quando um rapaz pardo abriu a porta de seu carro por engano. (27/09/22, São Bernardo do Campo, Caso Lucas Costa Souza), se intolerância religiosa não existisse, terreiros não seriam quebrados brasil a fora (https://www.brasildefato.com.br/2022/01/05/terreiro-e-incendiado-no-litoral-sul-de-pernambuco-querem-apagar-nossa-historia), se não existisse preconceito pelas equidade de gênero não existiriam mulheres sendo agredidas em casa pelos maridos durante a quarentena (https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/05/violencia-domestica-covid-19-v3.pdf), se não existisse homofobia no mundo um jovem que tentou uma vida fora do Brasil, onde provavelmente almejava ser livre destas correntes não teria sido espancado na Espanha (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/05/assassinato-de-jovem-de-origem-brasileira-causa-comocao-na-espanha.ghtml). O mal da negligência, negar que tudo o que estamos vendo não é crime, que é normal, que não deveriam lutar por seus direitos, o mal da negligência, aquele que faz a nação brasileira observar o que ocorre na política e achar normal, aquele que faz você acreditar que o mundo é do jeito que é e não fazer nada. Se ainda vivêssemos na negligência, não teríamos saído da escravidão, não teríamos ganhado direitos trabalhistas, as mulheres se quer teriam votado. O que me faz pensar é que a falta de História proporciona um caos a todos ao seu redor, não aprender com o passado, não se questionar como chegamos aqui, isso é um grande e maior mal que qualquer um poderia ter, um mal chamado negligência.
Fanatismo e a deturpação moral
Quando pequenos éramos acostumados a ver em nossas televisões, revistas e até atualmente, com a nova geração, os grandes super-heróis que são divulgados pelo mundo, quem nunca ouviu falar de homem aranha, super homem, batman e afins. A verdade é que a humanidade tem formado heróis a todo momento, de certa forma, isso é um reflexo de nossas falhas ao buscar um ser perfeito. Durante a antiguidade, os povos criavam deuses, mas ao contrário do que se pensam, a relação entre os deuses e os homens era totalmente diferente, nos temíamos os deuses, tínhamos neles um reflexo de nós mesmos, com falhas e personalidades. Porém, com o avanço das eras, chegamos a idade média, onde na europa cultuamos o cristianismo e criamos a imagem de um deus perfeito, um ser sem falhas, dono de todo o saber e cujo a ele todos devem idolatria e respeito. Não querendo criar conflitos religiosos ou ofender as crenças de todos que lerem este texto, acredito que muito do motivo pelo qual criamos a imagem de alguém que possa ser nosso novo messias, se deriva deste fator, por muitos séculos, a humanidade vem sendo preenchida com a esperança do retorno de cristo, retorno daquele que será capaz de subjugar aqueles que pregam o mal, de resolver nossos problemas. Mas eu diria que, se fosse possível apontar um culpado pelo qual nós buscamos tais heróis, eu diria que a culpa é da própria História. Durante muito tempo, foi estudado e divulgado a história de grandes homens como Alexandre, O Grande; Julio César; Ramsés; Napoleão e entre outros. E de certa forma, por tanto ouvirmos estas histórias dessas grandes personalidades, buscamos e esperamos, esperançosamente por um grande salvador, um grande líder, que irá mudar todo o rumo de nossa sociedade. Mas se me permitem dizer, isso é um grande erro, uma grande falha para nosso desenvolvimento. Não esquecemos que por mais incríveis que uma pessoa possa ser, ela também é um ser humano, um lobo para a própria sociedade. Claro que existiram pessoas incríveis na história, cuja as qualidades sobressaiam os defeitos, e essas pessoas sim são dignas de admiração, mas não de um fã clube. O problema do fanatismo, onde nós acabamos por idolatrar alguém com falhas em busca desses super-heróis.
O Fanatismo acaba por moldar toda a nossa personalidade, nossas crenças, nossos anseios, a ponto de esquecermos as falhas humanas daquele qual somos fãs, mas também chegando um grau onde as pessoas deixam de ter suas próprias opiniões e vontades apenas esperando e seguindo a de outros, daqueles que consideramos melhores e perfeitos. Não digo que o fanatismo seja o maior câncer da humanidade, e também, não seria ele o maior agente durante a deturpação da moralidade, mas também não digo que não seja um culpado. Quando criamos tais ídolos, perdemos nossa identidade, deixamos de gostar de azul, pois quem seguimos diz que é errado e o certo é o verde, um dos maiores exemplos de como o fanatismo pode levar a deturpação moral de uma pessoa e de toda a ética social, nos foi demonstrado durante as grandes guerras mundiais, com líderes, que utilizavam de discursos carismáticos para guiar uma sociedade a favor de seus desejos, de suas próprias ideologias. Quando digo líderes, durante as guerras mundiais do século 19, não aponto apenas para o pior deles, Hitler, mas também para todos os agentes por trás das guerras, a verdade é que por mais que a Alemanha tenha sido sim, um grande problema para a humanidade durante aquele século, não negligencio as ações de publicidade feitas durante a guerra fria, pós segunda guerra, por conta da divulgação da proteção das ideologias capitalistas, socialistas e comunistas, enfim, de certa forma a humanidade foi contaminada como se houvesse sempre um certo e um errado. Uma das coisas que aprendemos quando estudamos a humanidade, é que o certo e o errado, varia de acordo com quem conta esta história. Para os americanos, a união soviética era um grande erro, e ameaçava toda a sociedade, e para aqueles que criaram em suas mentes a imagem dos estados unidos como o grande salvador mundial, poucos conseguem estudar temas abrangentes e que deveriam ser refletidos para o bem de nossa própria sociedade. Como por exemplo, estudar as ideias de marx e entender o manifesto comunista sem repúdio imediato, pois foram por conta destes pensamentos que nós, cidadãos de baixa classe, ganhamos alguns direitos após a revolução industrial. Podemos trabalhar por 8 horas por dia, com direito a almoço de 1 hora, folga e férias. Foram estes manifestos que levaram a ter força outros movimentos, como o direito das mulheres e até mesmo, o direito de ser livre.
Como podemos enxergar, a humanidade é fruto de ideias controversas, de pessoas que pensam diferente e que juntos podem chegar a algum lugar. Se todos fossemos fechados em nossas ideologias, de forma fanática com nossos pensamentos, nunca teríamos avançado em nada durante a história. Portanto eu digo que se tem outro mal que impede a humanidade de evoluir como nação, este mal, também é o fanatismo. Esquecer que a opinião do outro existe e que sim você, eu e todos podem estar errados, é um grande problema, aquele problema que causa guerras e que separam as pessoas, e se eu posso dizer com toda a humildade, é que o fanatismo é um dos problemas que assombram a todos os brasileiros, pois em algum momento em nossas vidas, ficamos cegos por uma versão desta história, sem querer pensar ou questionar sobre, pois assim como já mencionado neste texto, são tantas informações e tantas versões que chega a ser complexa a criação de nossa própria opinião, ficando mais simples, buscar a sugestão de um ídolo, de um salvador; e com toda certeza, um dos fatores que deturpam a própria moralidade de uma pessoa, vem da criação destes ídolos, chegando a pontos onde pessoas começam a parecer alienadas em sua própria realidade, onde vemos religiosos, cujo os pilares de suas crenças tem a ver com iluminação do próprio espirito, da caridade e do amor, serem os mesmos que semeiam o ódio contra aqueles que seguem algo que diga a mesma coisa, porém com outro nome. (Para aqueles que pensam que estou falando sobre algo contemporâneo agora, bem sinto informar que isso foram vários episódios de nossa história, como por exemplo: As cruzadas, cujo próprio vaticano confirmou a veracidade deste fato).
Conclusão
Bem, conforme mencionado no começo deste artigo, minha intenção aqui não é atacar, ofender ou até mesmo mostrar um guia ou algo assim, afinal, sou um ser humano como todos os outros, cheio de falhas e de pensamentos que vão e vem, mas de fato, este artigo é sobre alguns problemas que vem assolando nossa história a muito tempo, e por mais que pareçam fáceis de resolver, para muitos não são. O problema que assola o brasileiro é complexo, muito de nossa cultura é um efeito de muitas questões que enfrentamos em nossa história como a exploração, manipulação, alienação, entre outros. De certa forma, vejo neste texto um pouco do que enxergo como nossos problemas e que para combatê-los exigirá esforço e dedicação de muitos, com várias opiniões controversas, assim como sempre avançou todas as nações. A única pergunta que deixo a aqueles que chegaram até aqui é: Se para chegarmos até aqui, tivemos que lutar uns contra os outros, em busca de nossas ambições, até quando iremos levar a vida como um campo de batalha?
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